Fala pessoal!
Dessa vez eu sumi por muuuuuitos meses!é verdade, procurei me blindar de redes sociais (algo muito difícil pra mim porque sou viciada, rs)
Terminei minha participação nos jogos de Londres há alguns dias mas ainda não consegui compreender tudo que aconteceu, digerir todas as lições que a vida me proporcionou.
Tenho consciência de ter buscado todos os dias durante minha preparação o melhor, de ter me resguardardo ao máximo, me alimentado da melhor maneira possível, me sentia confiante como nunca, ansiava pelo momento de estar atrás do bloco pra competir nas três provas em que eu estava inscrita.
Saí do Brasil com a mala pesada, cheia de roupas, suplementos e sonhos, muitos sonhos!
Durante a aclimatação eu ia tendo a certeza que estava nas minhas mãos e uma felicidade tomava conta de mim porque finalmente eu estava pronta.
Na véspera da prova eu e minha treinadora brincamos no processo de raspagem que os nadadores fazem, ela tirou várias fotos "joanna, depois você publica isso como o making off dos 400 medley".
Assisti a cerimônia de abertura e fui dormir leve e feliz. Da mesma forma acordei e pensei "esse dia chegou". A partir daí tudo fica conturbado, fui uma criança levada mas nunca quebrei nada, nunca me machucava e nem me cortava. Voltando a falar da preparação eu evitei caminhos onde eu poderia me machucar, brincadeiras que poderiam me lesionar e de repente 3 horas antes da oportunidade que estava nas minhas mãos de colocar todo trabalho pra fora, eu me encontro machucada e com o super cílio aberto. Quando olhei no espelho e vi aquilo pensei "Meu Deus, hoje não".
Escrevendo isso pra vocês eu sinto um aperto no peito. Porque as coisas as vezes acontecem tão de repente e em momentos tão inesperados que não dá tempo de entender, não dá tempo, a gente só tem que continuar. Minha cabeça estava a mil, eu queria avisar a minha mãe que estava a caminho do parque aquático, avisar a minha família que tinha acordado cedo pra me assistir, avisar ao Luciano que estava em Sheffield também pra me assistir, mas eu tinha que fazer o curativo, realizar exames e dá um jeito de me recompor; eu tinha 24h pra me recompor. Eu poderia sair dos jogos, não nadar mais nada, essa opção existia, mas eu não quis. Meu treinamento não foi focado para os 200 medley, mas era essa prova que eu tinha pela frente, então, ou era isso, ou não era nada.
No dia 29, depois do acontecido é que eu acho que a ficha começou a cair, os 400 medley já tinham acontecido e outra chance só daqui a 4 anos, ai doeu de verdade.
Esse post está se prolongando e acho que quase ninguém chegou até aqui, rs. Me desculpem pelo desabafo mas tudo ainda está muito recente.
Não consigo lembrar bem de como nadei os 200 medley na eliminatória e na semi-final, foi como se eu estivesse no "automático".
Cheguei hoje no Brasil, precisava de alguns dias longe das piscinas, pra arejar a cabeça, renovar as energias.
O que eu concluí com tudo isso?O óbvio: que na vida, situações e fatalidades fogem do nosso controle, o que está sob nosso controle é como agiremos a partir dessas situações e que todo problema carrega uma lição, um aprendizado.
Aproveito pra agradecer as mensagens de apoio, a torcida, e o amor incondicional de minha família e dos meus amigos.
Não posso em hipótese alguma reclamar, que as coisas não saíram como eu gostaria é verdade, mas eu estava em uma vila olímpica, tive oportunidade de competir, de reviver uma semi-final depois de 8 anos, de representar o meu país e vivendo tudo aquilo eu percebo como tenho sorte de fazer o que faço e como amo a jornada.